O filme

Assista este adorável filme que nos servirá de guia nesta experiência




Análise crítica do filme: A menina no país das maravilhas

Realidade e fantasia se confundem na vida de Phoebe

Phoebe é uma menina de nove anos, diferente das outras crianças, quebra todas as regras com seu comportamento peculiar que a princípio não é compreendido pelos colegas, professores e os pais. A imaginação para ela é melhor que a realidade, há liberdade no país das maravilhas. Não há regras, como na escola que não permite questionamentos, a menina se sente rejeitada e culpada pelos acontecimentos em sua vida. Em uma cena diz sofrer de angústia, tem um comportamento além do padrão normal, é supersticiosa como demonstra a cena em que tem que pisar nos quadrados na ordem certa para a mãe não morrer. Não crê em Deus.

Assim cria conflito na escola e em sua família que não consegue entende-la. A professora de teatro convida a turma para participar de uma produção teatral, a princípio ela rejeita. Depois vê a oportunidade de interpretar Alice, além disso, sua mãe está escrevendo uma dissertação sobre “Alice no país das maravilhas”, o que pode ter influenciado. Phoebe vê Alice na escola e resolve colocar seu nome na lista.  A professora se surpreende com a interpretação dela e de certa forma talvez se identifique com ela, é no teatro que Phoebe dá sinais de que a fantasia e a realidade podem se misturar. Lá ela consegue ser diferente e muito mais confiante.

A professora instiga nos alunos, a capacidade criativa, mostra a eles de maneira educativa o problema do preconceito, como demonstra a cena em que está escrito na capa de um garoto “viado”. Questiona o fato de terem escrito algo sem mesmo saber o significado etimológico da palavra. Conta a eles que no tempo de William Shakespeare que as mulheres não atuavam, tendo assim os papéis femininos atuados por meninos, brilhantes apresentações sem preconceitos.  Essa atuação da professora no filme demonstra que educar na infância pode ser pra vida toda, a influência que um professor pode ter na vida de uma criança como teve na vida de Phoebe e até mesmo dos outros alunos. Ensinou-os a terem iniciativas próprias e assim que conseguiram ensaiar a peça e representar, demonstrando capacidade.

Os pais de Phoebe tinham grande dificuldade em lidar com o problema, embora se esforcem muito, relutaram a aceitar que a filha precisava de uma atenção especial. Phoebe pede ajuda por muitas vezes, diz o tempo todo que não consegue se livrar dos hábitos, a irmã menor percebe antes mesmo dos pais. Percebi em Phoebe e sua irmã uma maturidade bem expressiva, o que pode ter a influência dos pais.

Dessa forma o filme abordou um comportamento comum nos pais quando lidam com algo diferente, quando um filho se apresenta diferente do outro. Em uma cena, a professora fala de quem realmente somos e que descobrimos isso em certa altura da vida. A cena demonstra que buscamos por respostas, pelo significado de nossa existência da mesma forma como Sartre, Platão entre tantos outros filósofos buscavam em suas teorias do existencialismo. Essa busca pela existência do homem parece ser um estudo antigo, o que corrobora a filosofia. Quem somos? Por que estamos no mundo? O que buscamos? Esses e muitos outros questionamentos tornam diferentes os que anseiam por respostas, como a professora, “estranha” como se referiu a mãe de phoebe, tanto que o diretor intolerante acaba despedindo a professora.

A escola não era suscetível a mudanças, me fez lembra-me do filme “A Sociedade dos Poetas Mortos” Muitas regras e nada de perguntas, sem mudanças, e o castigo é a conseqüência para os que ousam quebrar as regras. E o castigo pode ser drástico, como foi o de Phoebe, proibida de atuar na peça, sendo que era o que mais queria. A mãe e a professora conseguiram que voltasse sob a condição de que não retornasse a cometer os erros cometidos.

Não era incomum no passado de guerras, de famílias extremamente rígidas, jovens usarem a literatura como válvula de escape da realidade, muitos filmes demonstram isso. E acredito que ainda hoje, principalmente as crianças, ainda usem desse meio para refugiar-se no imaginário, na fantasia, o que pode ser natural até certo ponto.
A professora de teatro teve uma grande participação, como já disse antes, na aceitação da menina, tanto que no final da peça quando pergunta “Quem é você?” Ela demonstra ter aceitado quem realmente era.
O filme mostra as frustrações dos pais que são naturalmente passadas para as filhas. A menor não tem a doença de Phoebe, mas tem carência de afeto, enquanto os pais se culpam e se agridem não percebem que a filha caçula também necessita de atenção.
O filme mostra claramente a dificuldade dos pais e a falta de estrutura para criarem as filhas, a impaciência, o que é bastante comum no cotidiano. Como na cena em que pedem a eles um novo irmão, o pai impaciente, se irrita e diz que a mãe não iria querer outro que se parecesse com a Phoebe. Magoando Poebhe mais uma vez, desculpa-se logo depois dizendo que não conseguiu evitar dizer, ela entende porque também não consegue evitar o que diz.
Quando é perguntado a mãe “Você gosta de ser mãe?” A resposta não é convincente ela diz “Ah...! Claro!” resposta duvidosa, a mãe não consegue lidar com as filhas. A falta de experiência em entender o mundo dos filhos, participar da vida deles, interagir com eles e não ao inverso como acontece, trazendo-os para dentro dos conflitos. O universo dos adultos não foi feito para crianças, embora pareçam imperceptíveis aos acontecimentos a sua volta, captam tudo como para raios.
O filme demonstra também a diferença entre adultos e crianças, pais e filhos, professores e alunos. A falta de liberdade para criar, professores despreparados e uma escola que apenas produz modelos, alunos pensantes assustam. Phoebe é criativa, diferente, perspicaz.
Percebe-se em Poebhe outro problema, o de lavar as mãos excessivamente até feri-las, TOC (transtorno obsessivo compulsivo). Como também a culpa dos acontecimentos ruins, os machucados que produzia a si mesma quando impunha limites. Os xingamentos espontâneos, o cuspe nos colegas, tudo que não conseguia controlar.

Phoebe vê a rainha de copas, que é a mãe, fala da sensação de correr sem sair do lugar, de que no país das maravilhas não há rigidez que é o oposto da realidade e a realidade para ela é muito ruim. Deseja a liberdade assim mistura o tempo todo, realidade com a fantasia e todos que vê em sua fantasia são pessoas da vida real, como o diretor, o psicólogo, a mãe, o pai. Ela conversa com os personagens.  Conta a um colega que não consegue evitar os pensamentos ruins, como a voz que ouve mandando-a pular. Em alguns momentos fala do medo que sente.

Após alguns pedidos de socorro, a mãe finalmente busca ajuda, mas não confia no profissional dizendo que eles precisam de rótulos... Ela se culpa pelas atitudes da filha e reluta em aceitar o diagnóstico. A mãe fala ao marido sobre o descontrole que tem sobre elas, do quanto fica irritada com tudo, com as coisas que não consegue fazer.
Phoebe fala da esperança que tem no país das maravilhas, que sabe que está se destruindo, mas não consegue evitar.
A doença de Phoebe dita pela mãe é a Síndrome de Tourette (um distúrbio caracterizado por tiques, movimentos involuntários), finalmente a família aceita a doença e a menina explica aos colegas passando a aceitar normalmente. A professora de teatro como disse antes, teve grande influência na vida da menina. Em uma cena Poebhe conta à professora que faz coisas erradas e não consegue controlar, que se sente feia fora do teatro. Diz que apenas no teatro pode representar... Ser outra pessoa como Alice que ela vê em suas fantasias. A professora em resposta diz que em certa altura da vida, ela abrirá os olhos e se verá pelo que é, porque se tornou diferente da chatice das pessoas normais e dirá a si mesma “Eu sou essa pessoa”, disse que aí haveria uma espécie de amor. No final observei exatamente essa diferença nela, quando perguntaram em cena “quem é você?” Ela havia entendido exatamente o que a professora quis dizer, aceitou quem era e estava feliz. O filme da uma lição de muitas coisas, uma delas é que podemos conviver com as diferenças.
Marielsa klatter Braga

Enviado por Marielsa klatter Braga em 08/01/2011

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